quarta-feira, 2 de junho de 2010

Premiê israelense chama críticos de hipócritas e defende bloqueio a Gaza e ataque

Premiê israelense faz pronunciamento de seu gabinete, acusando comunidade internacional de "hipocrisia"
Em pronunciamento transmitido pela TV nesta quarta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, acusou os críticos internacionais de "hipocrisia" e defendeu o ataque israelense a um comboio de navios turcos levando ajuda humanitária para Gaza, que deixou nove mortos na última segunda-feira (31).

Ele reiterou se tratar de uma "ação terrorista" e disse que o bloqueio à faixa de Gaza continua valendo, alegando que suspender o embargo tornaria o local uma base iraniana de mísseis que ameaçariam tanto Israel quanto a Europa.

"Israel está enfrentando um ataque de hipocrisia internacional", disse Netanyahu em um comunicado gravado em seu gabinete. Ele disse que a flotilha estava tentando furar o bloqueio, e não levar ajuda a Gaza.

"Se o bloqueio tivesse sido furado, teria sido seguido por dezenas, centenas de barcos", disse. "Cada barco poderia carregar dezenas de mísseis."

Ele afirmou que o Hamas --grupo radical islâmico que tomou o controle da faixa de Gaza em 2007, levando ao bloqueio por parte de Israel-- "continua se armando e que o Irã continua transferindo armas ao Hamas, especialmente foguetes e mísseis".

"Não era um cruzeiro de amor, era um cruzeiro de ódio. Não era uma operação pacífica, era uma operação terrorista."

As declarações foram feitas horas depois de os ativistas pró-palestinos detidos nos navios terem sido mandados para o aeroporto de Ben-Gurion, perto de Tel Aviv, para serem deportados.

Israel recebeu duras críticas internacionais condenando o ataque à flotilha de seis navios em águas internacionais na segunda-feira, que levaram a confrontos e deixaram nove ativistas mortos e dezenas de feridos. Os cerca de 700 ativistas --incluindo 400 turcos-- tentavam furar o bloqueio naval que Israel e Egito impusearam à faixa de Gaza há três anos.

O Parlamento turco pediu ao governo nesta quarta-feira para rever todas as relações com Israel, enquanto o país se prepara para receber de volta os ativistas que foram detidos em Israel.

Gaza está sob bloqueio de Israel e do Egito desde que o grupo militante islâmico Hamas tomou o poder, em 2007. Israel recusa acusações de que o local esteja passando por uma crise humanitária e alega permitir a entrada de comida, remédios e suprimentos o suficente no território.

Passageiros

Israel deixou de lado planos de processar dezenas de ativistas pró-palestinos detidos após o ataque de segunda-feira, e opotou por deportar todos imediatamente, em um aparente esforço de limitar os estragos diplomáticos causados pelo incidente.

"Mantê-los aqui só faria mais estrago do que bem aos interesses vitais do país", disse o promotor geral Yehuda Weinstein.

Até a noite desta quarta-feira, o Ministério do Interior de Israel disse que 165 ativistas já tinham sido deportados e outros 505 estavam no aeroporto Ben Gurion esperando para liberação para embarcar. Outros três ativistas feridos nos confrontos --dois deles turcos-- estavam em estado grave e devem permanecer em hospitais israelenses até que possam ser transferidos.

Na Turquia, Yavuz Dede, vice-presidente da Fundação para Direitos Humanos e Alívio Humanitário e de Liberdades (IHH), alegou que Israel não contabilizou todos os passageiros e tripulantes dos seis navios, e estaria deliberadamente atrasando a deportação dos ativistas para encobrir as pessoas desaparecidas.

"Vemos esse atraso nos aviões como uma tentativa de tirar o foco das pessoas faltando", disse Dede.

O Ministério do Interior israelense afirmou que todos os que estavam a bordo do comboio foram contabilizados.

Ativistas turcos e gregos seriam enviados para casa em aviões especiais enviados por seus respectivos governos, enquanto os demais --de cerca de 20 nacionalidades-- seriam colocados em voos comerciais. Mais de 120 ativistas de uma dezena de países muçulmanos que não têm relações diplomáticas com Israel foram deportados para a Jordânia antes do nascer do sol.

Ataque de 2ª feira

Na madrugada de segunda-feira (31), cerca de 700 ativistas tentaram furar o bloqueio imposto por Israel a Gaza para levar cerca de 10 mil toneladas de ajuda humanitária quando foram atacados por militares israelenses em águas internacionais. Pelo menos dez ativistas foram mortos na operação.

O Conselho de Segurança da ONU emitiu uma declaração condenando o que chamou de atos que resultaram na perda de vidas durante o ataque israelense a frota de navios.

O governo de Israel disse que as tropas israelenses agiram em defesa própria no episódio, depois de serem atacadas.

Por meio de uma nota, divulgada pelo governo israelense, o ministro das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, disse que as pessoas a bordo do navio invadido não estavam em missão de paz e são terroristas.


Folha.com



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