quarta-feira, 5 de maio de 2010

Primeiro-ministro condena violência em protestos em Atenas; três morrem

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, condenou hoje a morte de três empregados de bancos em um incêndio ocasionado em Atenas por manifestantes durante a greve geral convocada hoje contra as medidas de austeridade do governo.

"A violência leva à violência", declarou Papandreou no Parlamento, consternado com o que qualificou como uma "tragédia" ao se referir ao "assassinato de três concidadãos".

O primeiro-ministro prometeu que "os responsáveis serão castigados" e acrescentou que "cada cidadão tem o direito de protestar, mas não de fazer uso da violência".

"O governo compartilha os sentimentos dos aposentados e dos assalariados que veem seus rendimentos reduzidos, mas estamos fazendo isso para que haja um futuro", afirmou.

Papandrou justificou os cortes aplicados por um programa de economia que pretende reduzir o enorme déficit fiscal de 13,6% em 2009, que, junto com a elevada dívida, levou o país à beira da quebra e disse que "a outra solução era o empobrecimento do país e dos cidadãos".

No domingo a Grécia recebeu um pacote de ajuda de 110 bilhões de euros por parte da zona do euro e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para fugir da quebra em troca da implementação de cortes salariais profundos, de pensões e de um aumento dos impostos.

O ministro se dirigiu aos líderes dos partidos de oposição reunidos na Câmara e disse que "é necessário" que todos condenem a violência, momentos depois que a Câmara fez um minuto de silêncio pelas vítimas dos protestos.

Ele disse que "hoje é necessário que todas as forças políticas enviem uma mensagem de responsabilidade política. Ninguém tem o direito de jogar com a sorte da pátria e com as vidas dos cidadãos. Ninguém está livre das responsabilidades".

"Acho que deve de haver uma reunião de líderes (políticos) sob a Presidência do presidente da Grécia para ter uma voz unida perante a violência", concluiu o político socialista perante o plenário parlamentar.

Deficit

Os gregos precisarão enfrentar drásticos cortes nos próximos três anos, segundo o plano de austeridade divulgado nesta semana, que prevê uma economia de 30 bilhões de euros (cerca de R$ 80 bilhões).

O deficit orçamentário do país está em cerca de 13,6% do PIB (Produto Interno Bruto) e precisa passar para 8,1% neste ano, caindo para 2,6% em 2014. A redução dos gastos públicos prejudicará o crescimento do país, que terá contração de 4% do PIB em 2010, o dobro do previsto. A economia voltaria a crescer em 2012, com 1,1% de alta.

O plano prevê o congelamento dos salários dos funcionários públicos por pelo menos três anos. Os aposentados gregos perderão também o 13º e o 14º salários se suas pensões superarem 2.500 euros mensais.

Foi estabelecida uma idade mínima de aposentadoria (60 anos) e um novo cálculo para as pensões relacionado com toda a vida de trabalho e não com os últimos anos, como era até agora.

Além disso, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) será aumentado em dois pontos para 23%, depois de em março já ter subido outros dois. Serão elevados em dez pontos percentuais os impostos sobre tabaco, álcool e combustíveis.

Ainda está prevista a criação de um imposto especial para as empresas com grandes lucros e o estabelecimento de novas medidas impositivas a companhias relacionadas a produtos de luxo e à propriedade imobiliária.

com agências internacionais

Folha Online

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