domingo, 16 de maio de 2010

Cineasta iraniano preso declara inocência em carta lida em Cannes

O cineasta iraniano preso Jafar Panahi afirmou neste sábado ser inocente da acusação de fazer filmes contra líderes iranianos, em uma carta escrita na prisão e que foi divulgada no Festival de Cannes.

"Sou inocente. Não fiz nenhum filme contra o regime iraniano", afirmou na mensagem.

Panahi, 49 anos, está detido na prisão de Evin desde 1no. de março, por estar produzindo um filme sobre as disputadas eleições presidenciais de 2009.

"Não assinarei nenhuma confissão forçada devido a ameaças", disse na carta, agradecendo a França por apoiar sua libertação.

"Calorosos abraços de minha pequena e escura cela na prisão de Evin", diz, cumprimentando aqueles que "junto com minha mulher, minhas crianças e conterrâneos vieram me visitar no lado de fora e estão trabalhando para que eu seja libertado".

Sua atual detenção impediu que ele fosse a Cannes, onde foi convidado para fazer parte do júri que escolhe o vencedor da Palma de Ouro.

Na quarta-feira, o presidente do júri, o diretor americano Tim Burton, pediu a libertação de Panahi e o júri deixou um assento simbolicamente vazio no palco em homenagem ao cineasta durante a abertura do evento.

O Irã não respondeu oficialmente aos pedidos.

Os filmes iranianos têm se destacado nas últimas décadas graças a Panahi e a diversos outros renomados cineastas, como Abbas Kiarostami, mas a censura do Estado liderado pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad torna difícil o trabalho desses artistas no Irã.

A reeleição de Ahmadinejad em junho de 2009 causou uma série de manifestações nas ruas do país, que causaram confrontos com as forças de segurança, deixando mortos e presos.

"Não vamos esquecer dos milhares de outros presos indefesos no Irã", afirma Panahi na carta. "Assim como eu, eles não cometeram crime algum e a minha causa não é mais importante que a deles."

Na quinta-feira, os organizadores do Festival de Cannes exibiram um curta-metragem no qual Panahi descrevia o interrogatório policial ao qual foi submetido algum tempo antes de sua última prisão.

No curta de três minutos, Panahi afirma que oficiais de segurança iranianos o interrogaram por três horas com questionamentos ameaçadores.

"Quando saí, afirmaram que eu seria convocado de novo", diz Panahi no vídeo. "Um policial me perguntou: ‘por que você fica no Irã? Por que não vai fazer filmes no exterior?".

Da AFP Paris

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