domingo, 18 de abril de 2010

Projetos brasileiros ligados à TV digital vão à Campus Party Europa

O país símbolo do samba e do futebol também tem potencial para exportar inovação. Ideias criativas de jovens empreendedores do Brasil estarão a partir de hoje na Campus Party Europa, a maior feira de internet do mundo. Dois projetos apresentados na edição brasileira do evento, realizada em janeiro deste ano, serão levados ao público europeu na área chamada de Internet do Futuro. Ambos trazem novidades que usam a rede mundial de computadores para o desenvolvimento de um setor promissor para os próximos anos: a TV digital.

“A Campus Party é assistida por investidores de vários países. Funcionará como uma vitrine para o nosso produto”, aposta o brasiliense Marcos Roberto de Oliveira, um dos selecionados para apresentar projeto na Europa. A empresa de Marcos criou o iTV Project, software que desenvolve aplicativos interativos para a TV digital através de qualquer browser — Internet Explorer, Firefox, Safari. Em alguns anos, a ferramenta possibilitará que um usuário comum crie seus próprios ambientes de interatividade na nova TV, sem precisar ter conhecimento em linguagem de programação.

A proposta do iTV Project surgiu quando Marcos Roberto cursava a graduação em ciência da computação da Universidade de Brasília (UnB). Ele e o colega Anderson Fér produziram o software-base do iTV e o apresentaram como trabalho de fim de curso em 2006. Além da nota máxima na avaliação, a dupla conseguiu chamar a atenção dos professores pelo grau de inovação proposto. “A programação do iTV Project é baseada nos padrões brasileiro e europeu da nova TV. Acho que isso ajudou para que nós recebêssemos o convite da organização da Campus Party Europa”, diz Oliveira.

Outra novidade de empreendedores brasileiros que será levada ao velho continente é o Targ.TV. Pensado por três jovens do Rio de Janeiro, o projeto funciona como uma plataforma de oferta de publicidade definida a partir do perfil do telespectador. O grande diferencial é que, além de captar as preferências do usuário através da navegação na TV digital, o Targ.TV também utiliza os hábitos que a pessoa tem na internet para “desenhar” quem é o telespectador.

“Com essa ferramenta, fazemos uma consolidação de perfis, mostrando que o usuário é uma pessoa única, seja em frente ao computador ou à televisão”, explica o diretor executivo da empresa responsável pelo projeto, Maurilio Alberone. “Se você fala muito sobre novelas no Twitter, é uma grande pista de que você gosta desse tipo de programa”, exemplifica. O Targ.TV também é fruto de uma ideia que surgiu ainda quando Maurilio e seus dois sócios estavam na universidade.

A expectativa dos fluminenses é que a apresentação na Campus Party ajude a trazer melhorias para o produto. “Queremos um feedback, principalmente porque a Europa é um mercado mais maduro que o Brasil. Lá, os telespectadores já estão acostumados com a interatividade”, observa Maurilio. Com essa tecnologia, os anunciantes poderão direcionar seus comerciais segundo a região, a faixa etária, o sexo, a classe social e a preferência do público-alvo. Maurilio, no entanto, acredita que o mercado publicitário terá de se adaptar à realidade da nova TV antes que propagandas desse tipo virem tendência.

O professor Eduardo Barros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que a TV digital brasileira atrai olhares do mundo inteiro por ter sido uma das últimas a ser configurada. O país somente definiu o padrão da nova plataforma de comunicação em 2006. “Adotamos o que havia de mais moderno na época em termos de interatividade (1), transmissão de dados e compressão de vídeo. Essa escolha ‘tardia’ nos deu certa vantagem”, afirma. Os Estados Unidos, por exemplo, definiram seu padrão de TV digital há mais de 10 anos. Barros, que dá aulas na Escola Politécnica e no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ, explica que, à semelhança do Brasil, a Europa possui muitos canais abertos. Isso não ocorre em outros países do Hemisfério Norte, onde os focos são as TV a cabo e via satélite.

Os dois projetos brasileiros foram selecionados por comissão do First Foro de Proyectos América Latina da Campus Party. A ideia dos organizadores do evento é fazer contato com pesquisadores latinos para estabelecer futuras parcerias. Seis projetos serão escolhidos como finalistas e apresentados durante o evento para o secretário-geral de Estados Iberoamericanos, Enrique Iglesias, e para outros representantes do setor na Europa. Ao lado dos brasileiros, estarão também iniciativas vindas do Chile, da Argentina, do México e da Colômbia.

Acampamento tecnológico - A Campus Party é a maior feira de internet e inovação tecnológica do mundo. Durante os dias do evento, jovens de diversas nacionalidades se mudam de mala, cuia e computadores para uma grande tenda, onde são realizadas apresentações, oficinas e conferências. Muitas vezes, há até brigas para se conseguir um lugar na disputada feira. A primeira edição da Campus Party ocorreu em 1997, na Espanha. Em 2008, o evento se internacionalizou e hoje tem sede também no Brasil, no México e na Colômbia. A Campus Party Europa segue até 18 de abril, em Madrid. Para ver a programação, acesse o site.

Por Carolina Vicentin, do Correio Braziliense

1 comentários:

Anônimo disse...

E o brasiliense ganhou o premio da Campus Party Europa para a America Latina... Viva o Brasil, Viva Brasilia, Viva Marcos....

18 de abril de 2010 às 18:52

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