sexta-feira, 16 de abril de 2010

Caos aéreo causado por fumaça vulcânica custa US$ 200 mi por dia, diz Iata

O caos aéreo na Europa, causado pelas cinzas e fumaça decorrentes da erupção de um vulcão na Islândia e considerado o mais grave desde a interrupção no 11 de Setembro, estão custando mais de US$ 200 milhões ao dia às companhias aéreas, informou nesta sexta-feira a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

"Nos níveis atuais de distúrbio, a estimativa inicial e conservadora da Iata do impacto financeiro sobre as companhias aéreas chega a receitas perdidas de US$ 200 milhões por dia", disse em comunicado a Iata.

Segundo a Agência Europeia para a Segurança na Navegação Aérea (Eurocontrol), cerca de 1,36 milhão de passageiros serão afetados nesta sexta-feira pelos cancelamentos de voos na Europa.

"Além da perda nas receitas, as companhias aéreas vão sofrer custos extras por redirecionar as aeronaves, atender passageiros e cuidar dos aviões parados em diversos aeroportos."

O bloqueio parcial do tráfico fazia ainda as ações das companhias aéreas caírem nas bolsas europeias, ainda que nenhuma empresa europeia tenha revelado o custo real do cancelamento de 17 mil voos somente nesta sexta-feira.

Os especialistas apontam a dificuldade para estimar esses montantes quando ainda não se sabe o número de viajantes que exigirá o reembolso integral de seu bilhete --uma perda de receita para as companhias--, em vez de adiar o voo.

"Enquanto não tivermos visibilidade sobre a duração dessas perturbações, é difícil dizer qual será o custo para as companhias", afirmou Marina Devitt, da corretora Goodbody, em Dublin.

A ideia é que as companhias recuperarão uma parte dessas receitas perdidas na medida em que a taxa de ocupação dos aviões subirá ao topo quando o tráfego for retomado. Habitualmente, essa taxa é da ordem de 75% e um pouco menor para as companhias de baixo custo.

Reação

As companhias aéreas europeias criticaram nesta sexta-feira a falta de coordenação entre os países para gerir o caos aéreo que reina no continente, antecipando prejuízos "enormes" para a economia da Europa Ocidental.

A Associação das Companhias Aéreas Europeias (AEA, da sigla em inglês) observa "com preocupação as diferentes reações das autoridades nacionais" à gigantesca nuvem de cinzas, afirmou seu secretário-geral, Ulrich Schulte-Strathaus, em comunicado.

Enquanto as normas da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) são "claras", os governos "parecem interpretar sua aplicação de forma diferente", afirmou, em alusão às decisões que cada país está tomando sobre o fechamento ou a reabertura de seus espaços aéreos.

Schulte-Strathaus defendeu que "no interesse das companhias e dos passageiros", a União Europeia deve aplicar de forma coordenada critérios comuns "para que se possa restabelecer a normalidade o quanto antes", evitando uma reação exagerada ao fenômeno.

A Eurocontrol anunciou que fará na próxima segunda-feira (19) uma reunião com as autoridades aéreas nacionais e com a Comissão Europeia para discutir o impacto do caos aéreo.

Esta reunião permitirá revisar a situação e analisar se as medidas adotadas até agora são as adequadas e se é necessário tomar novas precauções, "dada a situação dinâmica que implica o deslocamento constante da nuvem de cinza".

Cancelamentos

O Serviço de Controle do Tráfego Aéreo Nacional do Reino Unido (Nats, na sigla em inglês) anunciou que o espaço aéreo britânico estará fechado até as 7h deste sábado (2h no horário de Brasília) já que a fumaça de cinzas vulcânicas continua a cobrir o país.

Os voos da Irlanda do Norte e de parte do espaço aéreo da Escócia, incluindo os aeroportos de Shetland e Orkneys, foram retomados a partir das 19h desta sexta-feira (14h no horário de Brasília).

O Nats alerta, contudo, que isso não significa que todos os voos serão liberados e que os passageiros com viagem marcada para hoje e amanhã devem entrar em contato com as operadoras para se certificar.

Até o momento, os espaços aéreos da Bélgica, Irlanda, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Hungria, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Polônia, Romênia, Suécia e Suíça também estão fechados.

Há ainda aeroportos fechados na Espanha, Bulgária, Alemanha, Grécia, Itália, Rússia, Eslováquia e Ucrânia. Segundo a Eurocontrol, apenas 120 voos de outros continentes aterrissaram na Europa nesta sexta-feira, contra 300 em um dia normal.

11 de Setembro

"Europa está vivendo, provavelmente, a maior interrupção no tráfego aéreo desde o 11 de Setembro", disse um porta-voz da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido, citado pela agência de notícias Reuters.

"Em termos de fechamento de espaço aéreo, esta [crise] é pior do que o que ocorreu em 11 de Setembro. Esta é provavelmente a mais grave crise que vimos", disse.

Até agora, os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 causaram a pior crise na história do setor aéreo.

Os ataques em Nova York e Washington provocaram o fechamento do espaço aéreo americano e o cancelamento de todos os voos nacionais e transatlânticos.

Neste dia, cerca de 300 voos procedentes da Europa foram cancelados, desviados ou retornaram ao local de decolagem.

Folha Online

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