terça-feira, 3 de novembro de 2009

Meta para redução de gases deve ser divulgada no dia 14, diz governo

Pressionado a estipular uma meta para redução de gases até 2020, o governo brasileiro prepara um plano que deve reduzir a emissão de CO2 em até 40% nos próximos anos. A estratégia prevê ações de redução do desmatamento na Amazônia e incentivos para mudanças nos setores de siderurgia, agropecuária e energia. O plano vai ser divulgado no próximo dia 14 e, em dezembro, será exposto na reunião de mudanças climáticas em Copenhague, na Dinamarca.

A preparação da proposta brasileira foi debatida em uma reunião nesta terça-feira (3) da qual participaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ministro das Relações Exteriores, chanceler Celso Amorim, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, entre outros integrantes do governo.

O Planalto mantém sigilo sobre as metas que deverão ser adotadas. Na saída da reunião, no entanto, o ministro do Meio Ambiente fez uma análise das metas relacionadas ao desmatamento na Amazônia. “Só a redução do desmatamento na Amazônia já nos garante uma redução de emissões de 20% em relação à trajetória prevista para 2020”, disse Minc.

Já o ministro das Relações Exteriores, acompanhando o raciocínio de Minc, reforçou a importância de buscar o restante da meta: “Faltam os outros 20%.” Até agora, o governo já decidiu que se comprometerá com os outros países na reunião de Copenhague a reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% até 2020, considerando uma média de desmatamento entre 1996 e 2005.

“Além dos 80%, vamos tomar medidas na agropecuária, na área de energia, na siderurgia e em metas de redução de desmatamento em outros biomas”, disse Dilma. “O Brasil está disposto a fazer o maior esforço possível para que essa reunião seja bem sucedida”, complementou a ministra.

Mudança nos setores
Segundo Minc, a agropecuária poderá contribuir bastante para redução de emissões de CO2 e fará isso com ganhos de produtividade. “Desses outros temas levantados pela ministra Dilma, eu destacaria o esforço significativo que a agricultura brasileira pode fazer, representando um ganho de produtividade. Isso significa manejo a agricultura e pecuária integrada, plantio direto, recuperação de áreas degradadas da agricultura”, explicou. Na siderurgia, o objetivo é que nos próximos oito anos as indústrias plantem toda a madeira usada para colocar carvão vegetal nos fornos. “O Brasil tem uma grande vantagem comparativa. Hoje, metade do carvão vegetal usado pela indústria ela planta e a outra metade corta mata nativa, o que é duplo prejuízo, porque emitimos e destruímos a diversidade. O MDIC [Ministério do Desenvolvimento] avançou dados sobre isso e está sendo objeto de ampla negociação e o objetivo é que em oito anos ela plante todo carvão que utiliza. O Brasil pode ter um aço verde”, disse Minc. Para isso, o governo planeja ter mecanismos de incentivo para que os processos produtivos no campo e nas áreas de energia e siderurgia ocorram.

Financiamento

O governo brasileiro também reclama do pequeno esforço que os países desenvolvidos estão fazendo para redução das emissões de CO2 e na disponibilização de recursos para combater os efeitos das mudanças climáticas. “Só isso [a redução do desmatamento na Amazônia] vai significar redução de mais de 580 milhões de toneladas ao ano de emissões. Isso é mais que a contribuição de vários países ricos. Se os Estados Unidos passarem a lei deles tudo que eles vão reduzir é apenas esse compromisso brasileiro que o presidente Lula já anunciou”, argumentou Minc. Segundo Amorim, o Brasil considera a estimativa do Banco Mundial, de que serão necessários US$ 400 bilhões até 2020 para combater os efeitos das mudanças climáticas, “adequada”. Até agora, os países ricos têm se disposto a contribuir com US$ 100 bilhões para a tarefa.

Metas

Segundo Dilma, o governo pode não apresentar todas as suas metas no dia 14. Isso vai depender de estudos técnicos. “Pode ser que no dia 14 nós não vamos apresentar o número diretamente, nós vamos apresentar as medidas. Até porque, os números tem que ser credíveis”, disse. A ministra salientou ainda que os estudos do governo levam em conta cenários de crescimento anual de 4%, 5% e 6%. “Em todos os cenários, nós pudemos perceber que há como atingir as metas.”

Jeferson Ribeiro Do G1, em Brasília

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